terça-feira, 29 de julho de 2008

Texto para viveres mais

Isto é uma confissão: eu te quero, admito. Mil vezes admito. Assim mesmo, explicitamente, porque hoje não sou poeta. Hoje sou amante.

Pois que se dane a originalidade! O amor é um eterno clichê. E hoje, meu bem, hoje eu sou amante: minha escrita é inteiramente tua: palavras com cheiro de jasmim para te convenver a me amar.

Sei que não me queres teu como te quero minha. Mas nem ao menos me destes a chance de te provar que podes me querer. Sim, tu podes me querer.

Dê-me apenas algumas horas. Eu te mostrarei as delícias do amor. Deixe-me recitar um monólogo ao pé do teu ouvido e entenderás a vida em um arrepio. Deixe-me roubar para ti versos de canções. Deixe eu te convencer de que a lua brilha para nós dois.

Adormece uma só vez em meus braços - lentamente em meus braços - enquanto eu teorizo loucuras. Acorda uma só vez em meus braços - lentamente em meus braços - enquanto te fito em silêncio. Então me fita também em silêncio: o diálogo entre olhares é o segredo do amor.

Permite-me entrelaçar minhas mãos nas tuas, minhas pernas nas tuas, meu corpo no teu. Permite-se sentir o desejo irrefreável de se queimar no calor da carne.

Sê minha. Inteiramente minha. Estou pronto para amar até mesmo os teus defeitos e teus erros, pois eles fazem parte de ti. Sê meu riso, minha lágrima, minha rima. Sê minha sede, minha fome, meu alimento.

Escolhe ser minha Mona Lisa para que eu jamais decifre teu sorriso. Isso é amar. Viver os dias não como se fossem o último, mas como se fossem eternamente o primeiro. Aquele dia que carrega a paixão, que carrega o novo, que carrega a ansiedade, que carrega a descoberta. Que carrega o mistério.

Encosta tua cabeça em meu ombro, fecha teus olhos e ouve aquele Poeminha Amoroso que sei de cor. Ouve, enquanto recito baixinho: "eu te amo, perdoa-me, eu te amo".

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